fbpx
O Saber dos Sabores
Vevé Bragança
Curso de vinhos | Ver todos

O vinho e o seu tempo de vida – Amadurecimento em garrafa

A fim de que possamos entender a evolução dos vinhos em garrafas, antes precisamos compreender a bebida como uma reação química, em constante estado de mutação. Para que os vinhos possam maturar adequadamente, alguns parâmetros precisam ser observados, os quais serão descritos e explicados a seguir.

Posição das garrafas em sentido horizontal

As rolhas que vedam as garrafas em sua grande maioria são de cortiça, um elemento poroso e elástico. Quando a garrafa está na posição horizontal, a rolha é molhada pela bebida e se expande, diminuindo a porosidade e impedindo o fluxo de ar para dentro da garrafa, o que é bom para o vinho. Quando a garrafa está na vertical, a rolha não é molhada pela bebida e tende a ressecar, permitindo assim, o fluxo de ar para dentro da garrafa, o que é indesejável, pois irá causar oxidação do vinho e sua degradação prematura.

Alguns vinhos têm suas garrafas vedadas com rolhas feitas de material sintético, o que permite que sejam armazenadas na posição vertical. Mas, infelizmente, os fabricantes ainda não indicam nos rótulos ou contra-rótulos dos seus vinhos, se fazem uso deste tipo de rolha.

Outro tipo de vedação, que possibilita o armazenamento na posição vertical, é a screw cap, que consiste em uma tampa metálica de rosca com lacre, que é facilmente identificável pela visão.

Tanto a vedação com rolhas feitas de material sintético, quanto a vedação com screw cap, são utilizadas para vinhos que devem ser consumidos ainda jovens. Ou seja, no máximo 2 anos após a indicação da safra.

Temperatura entre 12º e 18º C

Se o vinho for armazenado em temperaturas muito baixas, as leveduras residuais, que irão auxiliar no seu processo de maturação, ficarão inertes e o processo ficará estagnado. Se a temperatura de armazenamento for muito alta, esta funcionará como um catalisador no processo de maturação, acelerando a ação das levedura, fazendo com que o vinho venha a se transformar em ácido acético (vinagre) prematuramente.

Umidade moderada entre 50 e 70%

A umidade excessiva no ambiente de armazenamento, ou a sua falta, pode propiciar o aparecimento de fungos e bactérias, como o Tricloroanisol – TCA, ou comumente conhecido como “Bouchonné”, que podem incidir sobre o vinho fazendo com que a bebida venha a se deteriorar.

Arejamento moderado

Para amadurecer de maneira tranquila e harmoniosa, as garrafas devem descansar em atmosfera quase que controlada, sem muitas alterações.

Luminosidade mínima

A incidência excessiva de luz pode alterar as características do vinho, influenciando negativamente nas suas propriedades organolépticas.

Vibração mínima

O vinho não é o tipo de bebida “agite antes de usar”. Durante o processo de maturação, acontecem pequenas reações químicas que produzem gases, os quais tendem a se dissipar, sendo expelidos pela rolha. Ambientes instáveis podem fazer com que as reações químicas produzam gases em excesso, o que seria indesejável para a evolução da bebida.

Esses parâmetros têm o propósito de serem empregados para vinhos de grande qualidade, os quais, em sua maioria, têm precificação acima da média. Não obstante, é necessário fazer a observação que nem todos os vinhos caros são realmente extraordinários. Existem alguns fatores, que não técnicos, que contribuem para a elevação dos preços dos vinhos. Os vinhos jovens comerciais, empregados no consumo cotidiano, não necessariamente, devem ser armazenados em adegas climatizadas, estes podem, muito bem, ser temporariamente armazenados em um refrigerador doméstico, sem prejuízo à sua estrutura e propriedades organolépticas.

Seguindo os parâmetros descritos anteriormente, os enólogos, sommeliers e enófilos têm conseguido elevar o tempo de vida dos vinhos. Entretanto, uma opinião real e verdadeira sobre a qualidade de um vinho, só mesmo depois de abri-lo e degustá-lo.