Com toda essa momentânea “gourmetização” do hamburger, há de se ter reservas quanto aos, supostamente, preparados com carne Red Angus, sobretudo, os sanduíches montados com bacon.
Todo bom cozinheiro sabe, a gordura animal é o maior e melhor transmissor de sabor.
Assim sendo, o bacon, pelo seu alto teor de gordura e pronunciado sabor defumado, tem o poder de mascarar o sabor de outros alimentos, sobretudo a carne de boi, ainda mais, se tratando de carnes processadas como o hamburger.
Então, se fritarmos ou grelharmos um hamburger em uma superfície impregnada por gordura de bacon ou de outra gordura animal, como a gordura da picanha, por exemplo, a transmissão do sabor da gordura para a carne, seja ela do corte e do tipo de gado que for, será inevitável.
Uma questão muito importante a ser observada, é em relação ao custo da carne, uma vez que a raça Angus, originária da Escócia, tanto a variedade Red, quanto a Aberdeen, destina-se à produção de carnes de qualidade superior, além de não ser o rebanho bovino majoritário no Brasil. Estas variáveis influenciam no preço do produto final, neste caso, o hamburger, que tende a ser alto, obviamente.
O fato é que a moda da “gourmetização” acabou gerando o jargão Red Angus, nas chamadas “Hamburguerias Gourmets”, para um disco de carne processada, pretensamente chique. Será que algum marqueteiro de plantão, ainda lançará a denominação Hamburger Aberdeen Angus?
Talvez seja mais seguro e barato continuar consumindo o velho hamburger de acém, grelhado na gordura de picanha ou bacon, guarnecido por fatias de queijo de verdade e um bom molho, devidamente acomodados em um pãozinho fresco e, acompanhado pelos condimentos e acessórios que cada um preferir.